USP Filarmônica de Ribeirão, sedia produção inédita de álbum de música colonial brasileira com as solfas de Mogi das Cruzes.
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Os manuscritos musicais do século XVIII foram considerados os mais antigos do Brasil

  

O Ensemble Mentemanuque – solistas da USP Filarmônica, sob direção do maestro Rubens Russomanno Ricciardi, se reúnem para executar obras do período colonial brasileiro em gravação inédita do álbum Música Colonial Brasileira – As Solfas de Mogi das Cruzes. A gravação acontecerá no Auditório da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP, no dia 9 de março, próximo sábado, a partir das 16h.

Data de postsagem: 07/03/2024 - 15:28

Postado por João Pedro

A iniciativa faz parte da série Solfas Brasileiras, contemplada no Programa de Ação Cultural – ProAC, através da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, sendo este um desdobramento do projeto Manuscritos Musicais do Brasil Colonial – Século XVIII, trabalho de pesquisa que deu origem ao livro As Solfas de Mogi das Cruzes – Edição musical e apontamentos históricos (Malungada Produtos Culturais - 2022), escrito pelo maestro Rubens Russomanno Ricciardi e pelo historiador Odair de Paula, através do programa Rumos Itaú Cultural.

As sessões de gravação serão feitas em um moderno sistema de captação com formato específico para orquestras, sob os cuidados de Igor Toledo, técnico responsável, consumindo em torno de 80 horas de trabalho, distribuídos em até 7 dias e mais de 60 horas dedicadas ao processo de edição: mixagem e masterização. O disco ainda está em fase de pré-produção e será disponibilizado somente em versão digital, com distribuição para mais de 50 plataformas de streamings. Segundo Deo Miranda, autor dos projetos e produtor do disco, o lançamento oficial está previsto para o segundo semestre deste ano, mas ainda sem data definida.

 

Música colonial brasileira: as solfas de Mogi das Cruzes

As principais referências entre os copistas e supostos autores das solfas são os irmãos Ângelo e Faustino do Prado Xavier, este último presbítero do hábito de São Pedro formado pelos carmelitas em Mogi das Cruzes onde nasceu, à época chamada Vila de Sant’Anna, posteriormente cônego da Sé paulistana.

As primeiras solfas foram descobertas em 1984, por Jaelson Trindade, historiador do IPHAN, num total inicial de 28 folhas. Naquele mesmo ano, o historiador mogiano Jurandyr Ferraz de Campos completou o primeiro achado – num antigo Livro Foral de Modi das Cruzes – com mais uma folha. Por fim, em 1990, o também historiador mogiano Issac Grinberg encontrou ainda mais sete folhas do mesmo conjunto, completando um total de 36 folhas, as quais serviram de base para a presente pesquisa e edição musical. As solfas ou manuscritos musicais, as quais remontam ao Convento do Carmo de Mogi das Cruzes dos tempos coloniais, ficaram sob a guarda da Superintendência do IPHAN em São Paulo e foram inicialmente estudadas pelo musicólogo Régis Duprat. No início dos anos 2000, o IPHAN devolveu os manuscritos ao Arquivo Histórico da cidade de Mogi das Cruzes, onde se encontram devidamente depositados